MATERIAL DIDÁTICO: O FUTURO DA APRENDIZAGEM USANDO VÍDEOS NA SALA DE AULA

Os vídeos educativos vistos não apenas como complemento, mas como uma ferramenta estratégica de ensino e aprendizagem!

Imagem: Freepik.

SALA ESCURA É COISA DO PASSADO

  • Um longa-metragem de 2 horas?
  • Programas da TV aberta num horário inadequado e cheio de intervalos?
  • Uma videoaula aborrecida e interminável?
  • Um vídeo em um DVD que de tão antigo não funciona?
  • Um vídeo “emocionante” de rede social, cheio de imagens “inspiradoras” e de mensagens positivas superficiais ou recheadas de inverdades?

Já se foi o tempo em que audiovisuais como estes eram os únicos disponíveis para o professor usar como recurso pedagógico na sala de aula. Um tempo em que, para piorar, era necessária uma sala escura, de tal forma que, ao final de mais uma hora e meia de duração do filme, quando as luzes eram acesas, dois ou três alunos acordavam do cochilo.

A tecnologia utilizada atualmente para assistir vídeos é parte integrante da vida das pessoas e as obras audiovisuais hoje disponíveis, em termos de quantidade e de qualidade, mudaram muito. Logicamente estou me referindo a vídeos de qualidade: documentários, vídeos educativos de alto nível, jornalismo científico e cultural.

Além disso, a usabilidade dos vídeos atualmente é muito maior. Uma TV de 50 polegadas conectada na internet é um equipamento de baixo custo que pode estar em qualquer sala de aula.

E se o objetivo é assistir fora da sala de aula, existe grande facilidade de compartilhamento por meio de um simples link enviado por email, redes sociais ou pela plataforma educacional da escola.

O acesso pode ser feito individualmente em um celular, tablet ou computador, ou em atividades em grupo, usando os mesmos dispositivos.

DE COMPLEMENTO A FERRAMENTA ESTRATÉGICA

Em todo o mundo os vídeos têm ganhado popularidade nas salas de aula para ajudar os estudantes a alcançarem os objetivos de aprendizagem propostos. E por que isso?

  • Bons vídeos são envolventes, proporcionam aos alunos uma pausa em relação às falas dos professores e oferecem a oportunidade de assistir especialistas das áreas do conhecimento abordado explicando conceitos ou o testemunho de quem viveu fenômenos ou fatos marcantes.
  • Vídeos de qualidade são adequados para alunos de todos os níveis, temperamentos e estilos de aprendizagem.
  • Muitos vídeos envolvem e desencadeiam uma resposta emocional ao mundo que nos rodeia.

Diante disso não é demais afirmar que a aprendizagem por vídeo não pode e nem deve ser vista apenas como um suporte complementar a abordagem do professor. Mas, sim, como uma ferramenta central que o professor pode usar para tornar mais efetivo o processo de ensino e aprendizagem.

A MUDANÇA TECNOLÓGICA FAVORECE O USO DOS VÍDEOS

Foi-se o tempo em que era necessário ter uma videoteca na escola. E que trabalheira oi converter o conteúdo de fitas VHS para DVD e, depois, de DVD para mp4. O advento de plataformas como a PaideiaPlay resolveu isso, oferecendo inúmeras facilidades para as escolas utilizarem vídeos cotidianamente.

A quantidade de vídeos disponíveis é muito maior que no passado: para cada turma, a PaideiaPlay classificou centenas deles pela BNCC, tornando-os mais acessíveis e compartilháveis instantaneamente, 24 horas por dia. Para o gestor da escola há a possibilidade de rastrear o uso dos vídeos, se estão sendo utilizando satisfatoriamente, quando e quantos vídeos recomendados pelos professores os alunos estão assistindo.

A PaideiaPlay selecionou mais de 1500 vídeos na internet e os classificou pela BNCC, facilitando o acesso e o uso na escola. 

Se no Brasil apenas recentemente surgiu a PaideiaPlay, na América do Norte, Europa e Oceania dezenas de plataformas desde o início dos anos 2000 já fornecem aos professores ferramentas para que eles personalizem a experiência de uso de vídeos na rotina de seu trabalho. Com estas plataformas fica fácil avaliar cada obra, criar listas conforme o conteúdo e registrar as próprias impressões sobre os vídeos. Além disso, é possível enviar para cada aluno um link de vídeo, acompanhado de instruções, exercícios e até mesmo avaliações relacionadas às obras.

Aos alunos o acesso ao conteúdo é facilitado pelo uso de dispositivos variados, na própria escola, em casa ou qualquer outro lugar. Fica fácil assistir, rever, parar e fazer anotações, discutir com os colegas ou a família e rever quantas vezes for necessário. Isso cria oportunidades para discussões adicionais tantos com os colegas como com o professor. Enviar um link de um vídeo, ou invés de solicitar que os alunos busquem por conta própria um vídeo na internet, reduz muito a possibilidade de que uma iniciativa educacional se transforme numa porta de entrada a conteúdos inadequados que dominam, por exemplo, o YouTube.

A ClickView está presente na Inglaterra, Austrália e outros países de língua inglesa.

Uma plataforma de vídeos estruturada para atender as escolas permite economia de tempo para o professor. A pesquisa de vídeos é facilitada pelos filtros, permitindo que em segundos seja encontrado material relevante e alinhado ao currículo.

MAIOR QUANTIDADE E QUALIDADE DE CONTEÚDOS

No passado a disponibilidade de vídeos para uso na educação transitou entre dois extremos. Nos anos 1980/90 restava aos educadores interessados em usar audiovisuais nas atividades educacionais ir à locadora de fitas VHS (e depois DVDs). Ali tinham de escolher alguns dos poucos documentário ou filmes de ficção de qualidade, entre pouquíssimas opções para a maioria das disciplinas. Matemática, química e geografia a disponibilidade era normalmente zero.

A partir dos anos 2000, o Youtube inverteu esta lógica. Em poucos anos a quantidade de títulos tornou-se gigantesca, a maioria com qualidade questionável quando se pensa em Educação Básica. É quase impossível de encontrar algum vídeo de interesse, a não ser depois de horas e horas de pesquisa.

No passado existiam também vídeos educativos em VHS, DVD e, depois, no próprio Youtube, produzidos considerando os currículos escolares. Porém, não passavam de livros didáticos falados, que usando rudimentos da linguagem audiovisual se limitavam e expor um conteúdo curricular com ilustrações complementares à fala de um narrador.

Nos tempos atuais, é grande a oferta de documentários e outras obras de outros gêneros audiovisuais, que podem ser usados na educação por sua qualidade. São obras que com abordagens e narrativas sofisticadas, que oferecem a possibilidade de serem usadas para inspirar e modelar o pensamento crítico, ao invés de de pura exposição.

Não são poucos os vídeos que mostram conteúdos relacionados à educação de forma contextualizada, com alta qualidade em termos de abordagem, narrativa, linguagem cinematográfica, estética e técnica de produção. Eles têm ainda alto poder de engajamento, de levar informações a pessoas com diferentes estilos de aprendizagem, de ativar a curiosidade e potencializar discussões construtivas.

Por tudo isso, é possível afirmar que ao invés de escolher um vídeo como fonte complementar de informações, os professores podem criar planos de aula tendo vídeos educativos no centro de sua abordagem.

Dessa maneira, assistir a um vídeo deixa de ser uma experiência passiva em que o espectador apenas recebe instruções. No contexto da abordagem do professor, o vídeo se torna um motivador da aprendizagem, envolvendo, ampliando horizontes, contextualizando conteúdos e tornando concretas informações que pareciam abstratas.

DURAÇÃO: UM RECURSO VALIOSO

Outro aspecto de grande mudança a considerar é a duração dos vídeos.  Até 10 anos atrás a maioria dos filmes tinham o clássico padrão de longa, média e curta metragem, com durações variando de 30 a mais de 120 minutos. Os vídeos elaborados para educação tinham duração de 40-50 minutos, pensados para ocupar o tempo de uma aula na escola. Ou seja, eram usados como recurso isolado, muitas vezes apenas para preencher a falta de um professor.

Nos tempos atuais, a duração caiu drasticamente. A maioria dos vídeos dura entre 5 e 15 minutos, sendo essa a duração preferida tanto pelos alunos quanto pelos professores. Vídeos curtos mantém as turmas muito mais engajadas e permite que o professor os utilize no contexto de sua abordagem. Há possibilidade de discussões antes, durante e depois da exibição da obra.

Por outro lado, há a possibilidade de fornecer aos estudantes listas de vários vídeos curtos que podem ser usados no estudo extraclasse, em revisões ou em projetos de pesquisa. Isso significa maior autonomia para os alunos direcionarem o próprio aprendizado, tornando-os ativos neste processo. A duração também está relacionada aos dispositivos utilizados. Vídeos curtos são indicados para celulares, tablets e computadores, aparatos que oferecem baixa ergonomia para uso prolongado. O menor conforto no uso pode causar cansaço, desvios de atenção, com perda do sentido da narrativa e/ou dos conteúdos.

TECNOLOGIA NÃO É TUDO, O QUE VALE É O QUE ELA ENTREGA

Imagem: Freepik.

Muito se tem discutido sobre os limites do uso da tecnologia na educação. O excesso de telas, de fato, torna-se prejudicial, principalmente porque os dispositivos acabam sendo usados no lugar de atividades que seriam mais agradáveis (e saudáveis) se fossem feitas com materiais concretos. Ler livros impressos, usar papel e caneta para escrever e interagir com professores e colegas são atividades inerentes e fundamentais à educação. Além disso, apenas ler um texto num celular parece pouco para o potencial que os dispositivos digitais têm. Ver um bom documentário parece ser um uso muito mais nobre para esta tecnologia. É assim que obras audiovisuais de qualidade, escolhidas pelo professor para a abordagem que propõe, ajudam a tecnologia a entrar no ritmo da educação. E a tornar professores e alunos protagonistas da aprendizagem.

Este post é uma adaptação do artigo “When watching a video just isn’t enough: The future of video learning in the classroom”, de Edwina Baden-Powell (Head of Production at ClickView – Australia).


Saiba mais sobre o uso de audiovisuais na educação lendo o post: A TEORIA DA MUDANÇA CONCEITUAL EM CONTEXTO: USO DE VÍDEOS EDUCACIONAIS.

Leia mais artigos sobre o tema na página: Vídeos e Aprendizagem.

E veja como usar a Inteligência Artificial gratuitamente em atividades escolares nos textos da seção Mídias Digitais e Inteligência Artificial.

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