VÍDEOS EDUCATIVOS EFICAZES – Diretrizes para maximizar o aprendizado do aluno com conteúdo de vídeos online

Sou um admirador dos pesquisadores que se dedicam a estudar o processo de ensino-aprendizagem de Ciências. Recentemente li um artigo publicado no National Center for Biotechnology Information – NCBI (Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia), nos Estados Unidos, denominado “Effective Educational Videos: Principles and Guidelines for Maximizing Student Learning from Video Content” (Vídeos Educacionais Eficazes: Princípios e Diretrizes para Maximizar o Aprendizado do Aluno com o Conteúdo de Vídeo), escrito por Cynthia J. Brame, Ph.D, Diretora Associada do Centro de Ensino da Vanderbilt University , onde é também Professora Sênior em Ciências Biológica. Considerando a qualidade das informações apresentadas, fiz um resumo adaptado do artigo, para publicar aqui, na Vídeo e Aprendizagem.

Nos trechos usados, retirei as citações bibliográficas de diferentes autores, sempre necessárias na literatura acadêmica, e as coloquei em uma lista de referências bibliográficas no final do texto. No artigo, a doutora Brame defende que o vídeo tornou-se uma parte importante do ensino, como ferramenta de entrega de informações de forma online. No texto, listou e descreveu vários estudos mostrando que a tecnologia pode melhorar a aprendizagem e que o vídeo, especialmente, pode ser uma ferramenta educacional altamente eficaz.


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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Quais seriam os princípios que permitem que os instrutores escolham vídeos eficazes para levar os alunos aos resultados de aprendizagem desejados? Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração três fatores fundamentais para a implementação do uso de vídeos, os quais podem ajudar os professores a maximizar a utilidade deles para o ensino:

  1. Carga cognitiva
  2. Envolvimento do aluno
  3. Aprendizado ativo

Estes fatores estão inter-relacionados, influenciando a efetividade educacional dos vídeos, como mostra o esquema abaixo:

A inter-relação entre os fatores que afetam a efetividade da adoção de vídeos educacionais.

CARGA COGNITIVA

A teoria da Carga Cognitiva classifica a memória em três tipos básicos: sensorial, que coleta informações do ambiente e é transitória; de trabalho, que processa as informações e tem capacidade limitada; e a memória de longo prazo, que tem capacidade virtualmente ilimitada.  Na figura abaixo, os três tipos básicos de memória e suas características são apresentadas esquematicamente.

Três tipos básicos de memória e suas características.

Considerando esta forma de funcionamento da memória, a Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia afirma que como a memória sensorial, que é transitória, recebe e processa informações por dois canais, o visual/pictórico e o auditivo/verbal, o uso dos dois canais simultaneamente facilita a integração de novas informações nas estruturas cognitivas existentes, maximizando a capacidade da memória de trabalho que é limitada. Dessa maneira, a Carga Cognitiva poderá ser maximizada pelo uso de obras audiovisuais de qualidade. No entanto, como discutido a seguir, os outros dois fatores que afetam a efetividade do vídeo podem limitar esta possibilidade de maximização.

ENVOLVIMENTO DO ALUNO

Um aspecto que influencia os resultados da adoção de vídeos educacionais na rotina escolar é o envolvimento do aluno. A ideia é simples: se os alunos não assistem aos vídeos, não podem aprender com eles. Logo, além da simples indicação da obra audiovisual como tarefa escolar, será preciso, de alguma forma, fazer com que os alunos tomem a iniciativa de assistir.

Para que o ato de assistir a um vídeo não se torne mera obrigação, será de grande valor que a obra tenha capacidade de envolver os alunos, engajá-los e conquista-los de tal forma que sejam receptivos à próximas experiências de atividades escolares que utilizem audiovisuais. Uma série de aspectos relacionados ao valor da obra, como a qualidade da narrativa e da abordagem, a importância dos conteúdos mostrados e a beleza e impacto das imagens e dos sons, determinam que a audiência continue ou não a assistir, ou seja, goste ou não do que está vendo. Estes aspectos diferenciam fortemente as videoaulas de reforço de bons documentários e outros gêneros educativos.

A duração é outra importante peculiaridade que afeta o envolvimento. Quanto maior a duração do vídeo, mais provável será a possibilidade de perda de atenção. Além disso, o ambiente onde a obra é assistida e o dispositivo utilizado também influenciam:

  • Na sala de projeção, em grupo, com a presença do professor, em uma situação formal, cercada de discussões sobre a obra e seu conteúdo, a duração pode ser maior, acima de 15 minutos.

  • Quando o vídeo vai ser assistido em dispositivos móveis, individualmente, ao contrário, a duração deve ser menor, até 15 minutos.

Logicamente, obras de altíssima qualidade, abordando assuntos de importância, têm capacidade de envolver, mesmo quando são mais longas.

E um último aspecto sobre este fator: o envolvimento dos alunos com as obras visuais que assistem terá um desdobramento sobre a própria adoção dos vídeos como ferramenta educacional. Se a experiência é positiva, haverá maior receptividade para as próximas atividades usando vídeos. Se é negativa, o uso da ferramenta fica comprometido.

APRENDIZAGEM ATIVA

A aprendizagem ativa em sala de aula oferece vantagens sobre a atitude passiva frente a apostilas e aulas expositivas tradicionais. Nesta estratégia de ensino, a exibição de vídeos pode melhorar a aprendizagem do aluno porque promovem a atividade cognitiva. Entretanto, dependendo da forma como o vídeo é inserido no contexto da abordagem, o ato de assistir poderá tornar o aluno mais ou menos ativo neste processo. A aprendizagem ativa pode e deve ser potencializada com atividades integradas a exibição dos vídeos, antes, durante e depois.

Algumas estratégias para que isso ocorra:

USAR PERGUNTAS DE ORIENTAÇÃO – O professor prepara perguntas norteadoras que vão servir como um meio implícito de compartilhamento de objetivos de aprendizagem com os alunos. Previamente à exibição do vídeo, os alunos respondem algumas perguntas por escrito ou oralmente, concentrando sua atenção nos elementos mais importantes do conteúdo mostrado na obra que será assistida.

USAR PERGUNTAS INTERATIVAS – O professor prepara perguntas sobre o que está sendo mostrado no vídeo, as quais podem ser colocadas antes da exibição e respondidas durante pausas promovidas ao longo da exibição ou, ainda, depois que o filme acaba. Caso o vídeo vá ser assistido em atividade remota, individualmente ou em grupo, o professor pode escolher os pontos do vídeo onde as perguntas serão feitas, registrar os tempos de exibição em que elas serão feita e passá-los pra os alunos. Dessa forma, o vídeo fica dividido em capítulos, entre os quais uma ou mais perguntas para reflexão serão feitas. Em cada ponto indicado, o aluno faz uma pausa para responder a uma pergunta, podendo, ainda, rever o trecho de vídeo para fundamentar sua resposta.

TORNAR O VÍDEO PARTE DE UMA ATIVIDADE MAIS AMPLA – Os vídeos tendem a oferecer maiores benefícios aos alunos quando são relevantes para exercícios e outras atividades associadas ao ensino de um dado conteúdo. Por isso, inserir vídeos em um ou mais planos de aula da forma mais integrada possível, potencializará os resultados. Do contrário, se o vídeo é apenas um apêndice, está isolado da abordagem e, pior, foi inserido fora de um contexto adequado, sua capacidade de proporcionar aprendizagem ativa será nula.

CONCLUSÃO

Os vídeos educacionais cada vez mais estão tornando uma parte importante da educação em todo o mundo. Entretanto, para que se tornem uma ferramenta de entrega de conteúdo mais efetiva e capaz de potencializar a aprendizagem, eles precisam ser escolhidos e inseridos considerando o contexto do processo de ensino e aprendizagem e levando em conta possíveis limitações ao seu uso que deverão ser minimizadas.

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Foi pensando em apoiar as iniciativas de inserção de vídeos educacionais na rotina de trabalho dos professores que lançamos a PaideiaPlay. Trata-se de uma plataforma de curadoria e compartilhamento de vídeos para a educação básica. São mais de 1.400 vídeos de Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Portuguesa, Biologia, Física, Química, Artes e Temas Contemporâneos Transversais, selecionados especialmente para alunos do Ensino Fundamental 2 e Médio e mapeados pela BNCC. Estão reunidos em uma só ferramenta, que facilita a seleção dos vídeos, permite que o vídeo seja assistido pela turma em uma TV ou Projetor ou, ainda, seja compartilhado pelo professor com cada aluno, para atividades remotas (em celulares, tablets ou computadores).

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Link do artigo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5132380/

BIBLIOGRAFIA CITADA PELA AUTORA

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